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Os prós e contras do Cartola FC para os jogadores de futebol do Brasileirão

Atualizado: 17 de mai. de 2021

Produzido pelo portal Globo.com, o Fantasy Game é um sucesso para os chamados cartoleiros. Já, para os atletas profissionais, o jogo não é muito prestigiado assim.

José Mário Curvo e Ferraz Santos

Reprodução: Divulgação/Cartola FC


Se você já assistiu uma transmissão de qualquer partida futebol na TV Globo, no SporTV ou no Premiere, provavelmente já ouviu sobre o Cartola FC. Trata-se de um newsgame de plataforma, no qual os usuários montam times com atletas do Brasileirão e pontuam com base em seus scouts reais, isto é, o desempenho estatístico. Com mais de cinco milhões de cadastrados, o Fantasy Game - um estilo de jogo que os participantes escalam equipes virtuais com jogadores reais - é um dos mais populares do Brasil e carrega uma legião de gamers, os “cartoleiros”.


Apesar de todo esse sucesso, nem todos se rendem ao jogo, principalmente os jogadores das equipes presentes no Cartola. Alguns atletas já admitiram jogar o game, inclusive se auto-escalando nos seus times. É o caso do meio campo Thiago Galhardo, do Internacional, como mostrado nesse vídeo.


Mas, podemos afirmar que isso é uma das poucas exceções. É comum vermos várias declarações negativas de jogadores profissionais direcionadas para o Cartola e para os cartoleiros. Embora o game traga situações desconfortáveis diretamente para os atletas, ele pode ser favorável, mesmo que indiretamente, para esses profissionais.


  • Desvantagens

O principal contra não pode ser considerado culpa do game em si, porém de um costume de muitos torcedores. No caso, a pressão excessiva em jogadores de futebol, algo já enraizado na cultura futebolística. Não à toa cenas com cobranças, como em invasões a CT ou a aeroportos, às vezes até com agressão, são banais no noticiário esportivo.


Com o Cartola FC, os atletas ganharam uma nova cobrança, além da pressão tradicional de torcedores do clube. Uma parcela dos chamados cartoleiros se acha na razão de invadir redes sociais de jogadores e hostilizá-los por conta da sua pontuação no Fantasy Game. É um fato totalmente lamentável e descabível pelo simples fato de se tratar de um jogo digital.

Jô, do Corinthians, respondeu aos xingamentos recebidos em suas redes sociais. Foto: Reprodução/Instagram


No entanto, infelizmente, isso é uma realidade, a ponto de jogadores virem a público em redes sociais para explicar que a sua prioridade é o time, o da vida real e não o do game. Vale ressaltar também que a pontuação de determinado jogador no Cartola não indica necessariamente o desempenho dele na partida.


Pelo fato da pontuação ser baseada em determinados scouts -como gols, assistências, desarmes, entre outros-, a importância de um atleta para a equipe pode não ser mostrada nesses números. Logo, não há lógica em criticar ou até analisar o desempenho de qualquer jogador se baseando unicamente em Cartola e sem assistir a uma partida dele.


  • Vantagem

Um dos prós do Cartola é sentido no bolso dos clubes e dos jogadores. Como o jogo é um sucesso, o Grupo Globo consegue aumentar suas receitas com o arrecadamento de assinaturas. Desde 2016, o game possibilita que os cartoleiros se tornem pro ao pagar um valor anual de R$ 49,90; para quem já foi assinante no ano anterior, o valor é de R$ 39,90. Dentre os benefícios estão participações em mais ligas, premiações, entre outros.


Por conta dessa oportunidade de negócio do Grupo Globo, torna-se necessário repassar parte do dinheiro arrecadado aos clubes por meio de negociações. Isso porque a produtora do game utiliza os direitos de imagens dos clubes e dos jogadores das equipes não só no jogo, mas também nas transmissões das partidas.


Logo, com o aumento do arrecadamento dessas imagens, cresce também o valor pago não só aos clubes, mas também aos jogadores profissionais. É uma lógica de mercado: quanto mais dinheiro a empresa recebe, maior precisa ser o valor repassado para os responsáveis pelo faturamento. Para ser ter uma ideia, o Grupo Globo arrecadou R$17 milhões somente no primeiro turno do Campeonato Brasileiro.


Falando no Campeonato Brasileiro, ele é outro beneficiado com o game. Não é nenhum tabu afirmar que o Brasileirão não tem o mesmo poder de mercado do que as principais ligas do mundo -a inglesa, a alemã, a espanhola, a italiana e a francesa. O produto do campeonato não é bom por diversos fatores que demandariam um texto próprio para serem listados.


E o Cartola pode ser considerado um benefício, pois ele de certa forma impulsiona a marca do Brasileirão. Um primeiro ponto para isso seria na audiência. Esse newsgame aumenta o número de pessoas acompanhando os jogos do campeonato por terem escalado um determinado jogador de uma partida. Quanto maior o seu público, maior é a valorização da sua marca.


Além disso, esse game também pode aumentar o número de crianças acompanhando o Brasileirão. Algo extremamente importante, pois esse público infanto-juvenil já demonstra sinais de preferência às ligas estrangeiras, mais especificamente as europeias. Consequentemente, a marca do Campeonato Brasileiro, do ponto de vista mercadológico, encontra-se ameaçada para as futuras gerações.


Com essa valorização - mesmo que mínima - do Brasileirão, proporcionada pelo Cartola, os clubes e os jogadores também são financeiramente beneficiados, a partir das renegociações de contrato. Um exemplo emblemático disso foi o acerto do RB Bragantino e do Grupo Globo ser sacramentado às vésperas do Campeonato, pois o clube exigia um pagamento maior pelos direitos de imagens. Aliás, as equipes e os atletas são os protagonistas do campeonato.


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