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Jornalismo de jogos não são "newsgames"

Atualizado: 17 de mai. de 2021

Pedro H. Carvalho


Qual é a diferença entre jornalismo de jogos eletrônicos e newsgames? O jornalismo de jogos é a área dentro do jornalismo que faz reportagens sobre videogames. O jornalista produz previews, reviews e conteúdos voltados para os gamers. Reportagens que podem ser sobre um jogo ou console. Já o newsgame é o jogo eletrônico baseado em uma notícia. Dessa forma, há interação entre fato ocorrido e o leitor, que passa a ser um gamer. O newsgames estão divididos em seis categorias: atualidades, infográficos, jogos documentários, quebra-cabeças, educativos e jogos em comunidade.

  • Newsgames sobre atualidades - são aqueles joguinhos com uma pegada mais crítica, que têm forte presença da opinião do autor. Esse tipo de game se identifica com alguns editoriais jornalísticos, cartuns políticos e de críticas sociais.

  • Newsgames infográficos - sabe aqueles infográficos jornalísticos? Então, essa é uma versão adaptada para o meio digital. Nele, há mais interação e simulação de cenários e situações baseadas em acontecimentos reais.

  • Newsgames documentários - esses já têm uma pegada mais investigativa sobre eventos históricos e atuais, são maiores e oferecem experiências impossíveis de serem assimiladas no noticiário convencional. Podem recriar espaços, situações e sistemas do passado que só poderiam ser compreendidos, de outra forma, através de filmes de arquivos ou a imaginação.

  • Newsgames de quebra-cabeças - são adaptações de cruzadas e notícias para o mundo digital. Podem originar novos quebra-cabeças e jogos casuais.

  • Newsgames educativos – jogos que ajudam na aprendizagem do jornalismo. Oferecem de forma direta ou indireta, informações sobre como ser um jornalista ou da importância que o profissional da comunicação tem na sociedade.

  • Newsgames de comunidade - são jogos que tentam situar o mundo virtual com o mundo real, com objetivo de estimular a criação de grupos e comunidades locais.

Alguns exemplos desses tipos de newsgames citados, podem ser observados ao acessar:


E para falar de newsgames é indispensável citar a Superinteressante, conhecida também como “Super”, a revista brasileira foi uma das pioneiras quando o assunto são jogos jornalísticos no Brasil. Ela é responsável por diversos mini games extraordinários. Quer saber mais? Dê uma passada lá no site as Super. O seu primeiro game foi “CSI: Ciência contra o crime” desenvolvido pelo Núcleo Jovem Digital, na época coordenada pelo jornalista Rafael Kenski – pioneiro na criação dos ARGs (Alternate Reality Game) aqui no Brasil. O jogo gira em torno da resolução de crimes reais, onde são feitos testes de DNA, perícia em campo, reconstrução de imagens e pra completar um banco de dados. Curtiu a temática? Acesse o game CSI: Ciência contra o crime.


Mas, como já dissemos, uma coisa é tratar de jornalismo de games e outra de newsgames. No jornalismo de jogos eletrônicos, as matérias podem ser produzidas de diversas formas. Na monografia de Matheus Tibúrcio, ex-aluno da UFRJ e atual editor de conteúdo web na Rede Globo, “O jornalismo de jogos na internet brasileira”, ele explica que ”a base do jornalismo de games na internet, de um modo geral, apresenta quatro principais características, herdadas da prática jornalística das revistas: o preview; o review; dicas e macetes; e um espaço para os leitores". Segundo ele, “o trabalho jornalístico em si, de apuração e reportagem dos fatos e acontecimentos, fica majoritariamente por conta dos previews e dos reviews. As dicas e macetes são fruto da investigação no ambiente de jogo e o espaço dos leitores é um lugar de participação do internauta”. A monografia foi defendida por ele em 2013 quando terminava seu bacharelado.


Uma preview é um texto que mostra para o leitor como vai ser tal jogo, ou console. Um exemplo bem recente é o artigo publicado no site IGN, assinado por Simon Cardy sobre o jogo The Last of Us 2: “O Trailer de The Last of Us 2 revelado na E3 2018 prometia uma mistura de furtividade e selvageria nunca vista antes em um jogo da Naughty Dog. Após jogar a primeira hora da sequência de PS4, ficou claro para mim o quanto o sistema de combate da franquia evoluiu, sem mencionar como cada luta é dinâmica. Há brutalidade, mas também há fragilidade em cada confronto, o que deixa tudo mais emocionante. Ao mesmo tempo, isso está diretamente conectado aos principais temas do game”.

A preview também pode ser feita a partir de feiras e exposições de jogos. O maior exemplo no Brasil hoje é a Brasil Game Show (BGS), em São Paulo, e a feira que reúne gamers em patamar mundial é a Electronic Entertainment Expo (E3), nos Estados Unidos. Já que maioria dos leitores de sites como o IGN não têm a possibilidade de comparecer ao evento, a ferramenta de preview leva a eles um pouco da experiência da feira. Um grande exemplo de 2019 foi Cyberpunk 2077, que teve demonstrações em diversos eventos, e foi alvo de previews em sites famosos como o TecMundo fez. A segunda categoria é a review, ou análise. Esta categoria, possivelmente, é marcante no cenário do jornalismo de jogos, e também uma das mais polêmicas. De acordo com Tibúrcio, “o review, ou análise, em português, se equivale às resenhas de livros recém-lançados e é uma das obras-primas do jornalismo de games em todo o mundo. É a matéria que o jornalista da área mais gosta de fazer, porque é quando ele pega o game de fato”. Segundo ele a ideia do review “é fazer um imenso apunhado sobre o que o jogo vai oferecer à pessoa que comprá-lo. Tudo é descrito, desde o começo da história até quantas horas o consumidor levará para zerar o jogo”.


Já que traz a opinião do autor sobre um jogo, e cada indivíduo tem uma opinião, muitas pessoas podem se sentir atacadas quando contrariadas. Até mesmo um ponto de vista diferente pode causar rebuliço na comunidade do game em questão. Dessa forma, o formato recebe divergências em relação a veracidade de suas informações.

Agora imagina que você está em uma fase do jogo que não consegue passar, já tentou de tudo e mesmo assim continua parado no game. Alguns podem pensar “Vou procurar no Google” ou em desistir. Fácil, mas e se eu te disser que quando os jogos eletrônicos surgiram, em 1952 com o jogo OXO, o Google ainda não existia. Se existe procura, a oferta é criada e com essa lógica a terceira categoria surgiu, dicas e os macetes. Segundo Tibúrcio, “essa era a parte mais atrativa das revistas, que comumente rendia capas e faziam vender milhares de exemplares nas bancas. Esse tipo de matéria, que às vezes era uma coleção de notas curtas acompanhadas de imagens, permanece no jornalismo online, mas cada vez mais ele perde força para a capacidade de exploração e inteligência do jogador”. Para ele, não há dúvida: “A função era basicamente ajudar o jogador a passar com mais facilidade por determinado ponto do jogo, onde muitos ficaram emperrados sem saber o que fazer.”


No mundo gamer, quem se destaca é o GameSpot, um site especializado em videogames que traz, notícias, análises, previews e informações mais relevantes sobre o lançamento de diversos jogos. Com o alto valor dos games atualmente, ficar por dentro das previews pode trazer folga para o bolso e garantir a diversão do investimento feito no game escolhido.

Outra forma de ter a opinião sincera e instantânea de um game é o novo formato das streams. O streamer, como é chamado, posicionar uma câmera em formato de selfie dentro do seu quarto, coloca um jogo e faz sua transmissão pro mundo inteiro assistir. Um brasileiro que recentemente está famoso nesse formato é o Gaulês, que faz streamings de diversos jogos, e esse fenômeno que tem um engajamento absurdo que conseguiu através de sua simplicidade.

A plataforma traz interação em tempo real e grandes influenciadores tem o poder de levar seus espectadores/players, para um jogo que já foi ou que ainda será lançado. Dessa maneira a stream une a preview e review, criando um novo modo de consumir conteúdo de videogames e mudando a dinâmica do mercado.

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