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Bolos AntiBlock: O bolo da era digital

por Felipe Mesquita


(Imagem: foto de capa do twitter da campanha)


Bolos AntiBlock é uma iniciativa conjunta da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e do Congresso em Foco contra os bloqueios por autoridades no Twitter, em que é criado um bolo de Cryptoarte para o usuário, seguindo alguns critérios. A plataforma foi desenvolvida pela FCB Studio em parceria com a FCB Six. A campanha teve início em abril de 2021 e já mapeou até o momento 100 jornalistas impedidos de acessar a rede social de autoridades. Os profissionais da área são os mais bloqueados, de acordo com os dados da Abraji. Em manifesto publicado no youtube, a seguinte reflexão é levantada pela iniciativa: “Se as redes sociais estão virando o principal meio de comunicação entre autoridades e a população, seria o block o novo tipo de censura?”


O questionamento é interessante, pois na maioria das vezes quem é impossibilitado de acessar a essas informações de interesse público são aqueles que se opõem ao político em destaque. “O acesso à informação, ainda mais quando se refere a informações oficiais emitidas por agentes públicos, é um direito constitucional garantido e deve ser usado pelos jornalistas para se defenderem”, destacou Letícia Kleim, assessora jurídica da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, em matéria da própria Abraji. Nessa mesma matéria, Letícia Kleim lembra que ainda não existe uma lei específica na legislação brasileira em relação aos bloqueios por autoridades públicas, o que talvez dificulte o processo para reverter a situação.


Segundo os dados mapeados com o Bolos Antiblock, os três cargos que mais bloqueiam são: deputados federais (43,44%), presidente ou vice-presidente (19,81%) e ministros (19,57%). Embora o cargo de deputado federal lidere a lista, deve-se levar em consideração que estão em maior quantidade se comparar com o cargo de presidente ou vice-presidente. Já entre os motivos mais frequentes do bloqueio estão a manifestação de opinião contrária e a crítica à conduta ou administração do bloqueador. Porém, a não identificação da razão do bloqueio também é recorrente no mapeamento desses dados.


Por que bolos?


Colocar receita de bolo na página do jornal durante a ditadura era um modo de sinalizar que aquela parte do jornal tinha sido censurada. Naquele momento de dura repressão em que a liberdade de expressão era restrita, as receitas de bolo foram uma forma de mostrar aos leitores que algo estava errado. Assim, a campanha resolveu resgatar esse símbolo, trazendo para o espaço digital em forma de protesto contra os bloqueios por agentes públicos. Vale lembrar que o Brasil, ocupando o 111º lugar, entrou esse ano na zona vermelha do ranking de segurança de imprensa divulgado pelo Repórteres Sem Fronteira, o que significa que a situação da imprensa no país é difícil.


A arte dos bolos

Os bolos são gerados da seguinte forma: quando você fizer login com seu twitter, a plataforma vai checar se você foi bloqueado, depois de confirmar o bloqueio você poderá adicionar as informações pedidas e seu bolo será feito. Cada elemento do bolo tem um significado, o formato do bolo representa o cargo da autoridade que bloqueou, já a cobertura, o motivo do bloqueio e por fim, a área de atuação da pessoa bloqueada é representada pela massa do bolo. Essas cryptoartes são geradas através de um algoritmo de design generativo e são registradas com tecnologia NFT (token não-fungível), que garante a autenticidade da arte digital, já que na internet a reprodutibilidade das coisas acontece em alta velocidade.


Se você tiver interesse em gerar o seu próprio bolo é melhor correr, pois o site ficará no ar só até o dia 12 de abril de 2022.


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