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Jornalismo de moda: Como é realizada a cobertura do Met Gala na maior revista de moda do mundo

Estela Cezário


Vestidos extravagantes, saltos altíssimos, ternos bordados, texturas e cores. São muitos os luxos apreciados na noite de moda mais aguardada do ano pelos fashionistas. O Met Gala, ou The Met, surgiu em 1948 com o objetivo de arrecadar fundos para o Costume Institute Benefit, departamento até então desmembrado do Metropolitan Museum of Art, na cidade de Nova York. Hoje, ele reúne personalidades influentes não só do mundo da moda, mas também da música, cinema, esportes e da literatura. Em 1996, até mesmoLady Diana deu as caras no evento com seu icônico vestido azul marinho Dior.



(Famosos na noite de gala do Met / Imagem: Getty Images)


De 1948 até o século XXI, muita coisa mudou na realização do evento. Dentre as principais mudanças destaca-se a atenção que ele recebe das mídias. No início do século XX, o Met Gala era um simples jantar destinado apenas aos designers figurinistas que buscavam inspiração de roupas para peças teatrais. Nos anos 1990, no cerne de sua popularidade, a revista Vogue, comandada pela célebre jornalista e editora-chefe Anna Wintour, já era a principal veiculadora de tendências de moda do mundo e referência no que envolve o universo do vestuário. Nesse contexto, é claro que a primeira segunda-feira de maio - data já tradicionalmente reservada para a festa - é a pauta principal não só da redação nova-iorquina, mas dos principais escritórios de moda da atualidade.


É comum que o imaginário das pessoas seja preenchido por uma fantasia frequentemente exibida nos filmes e séries que tem como tema o jornalismo fashion, na qual os repórteres entram nos eventos como convidados e aproveitam a noite com total elegância e conforto. Entretanto, esse cenário não condiz com a realidade. Desde as primeiras horas da manhã de segunda até a madrugada de terça-feira, há muito trabalho a fazer nas redações das revistas e sites que cobrem esse tipo de evento.


Ilustrando essa situação, a revista Vogue abriu as portas do seu “Quarto de Guerra” na noite do Met através do vídeo Inside Vogue's Met Gala War Room, onde mostra todo o batalhão de escritores, editores, pesquisadores e produtores da Vogue.com trabalhando arduamente para manter seus leitores atualizados sobre os looks dos famosos.


No dia da cerimônia, um grande escritório da empresa é montado bem no porão do Museu Metropolitano de Arte. Isso mesmo, não basta fazer a cobertura no local da própria redação. Esse trâmite é necessário para que tudo possa ser acompanhado e que as informações cheguem em primeira mão aos jornalistas. A partir das 16h da tarde, uma hora antes da abertura dos portões, toda a produção da revista inicia os preparativos para a cobertura. Mas não é qualquer tipo de preparativo! Todos os funcionários da Vogue presentes no Met se arrumam como se fossem caminhar sobre o tapete vermelho junto com as estrelas. Nesse momento, a redação improvisada vira um verdadeiro camarim: todos correm contra o tempo para se vestirem o mais adequadamente possível. O irônico nessa situação é que por mais arrumados que estejam, os jornalistas não chegam a ver a luz do dia até a manhã seguinte ao evento. Ficam a todo momento “presos” no porão, atualizando as redes sociais da revista. Ou seja, toda a produção serve para que eles sintam o clima do baile e transmitam esse sentimento com fidelidade aos leitores que os acompanham.


(Quarto de Guerra da Vogue no Met Gala / Imagem: Vogue.com)


Além da adrenalina de se estar na responsabilidade de transmitir, comentar, editar e pesquisar os principais acontecimentos da noite, os repórteres ainda precisam lidar com uma sala bem menor que a de costume, pouca ventilação e seus vestidos enormes que se esbarram a cada cinco minutos. Às 17h os convidados começam a chegar e é nesse momento que a tensão sobe no porão Vogue. Alguns ficam responsáveis pelos updates nas redes sociais que precisam ser feitos rapidamente, enquanto um segundo grupo checa as marcas de maior evidência na noite. Já outros acompanham as trends do Twitter ao mesmo tempo que comentam os looks mais glamourosos do evento. “Caos organizado”, ou “organized chaos” como eles costumam chamar.


Apesar de todo o estresse e cansaço envolvido no processo de cobertura do Met, os jornalistas não negam que há um toque de diversão nisso. Depois da agitação do momento principal da festa, a chegada dos artistas ao tapete vermelho, começa a cerimônia dentro do museu por volta das 23h. Nesse momento a equipe de redação pode assistir à recepção com calma e, finalmente, se afastar (mas nem tanto) do trabalho.


Após a cerimônia, já nas primeiras horas da manhã de terça-feira, os escritores da Vogue podem descansar, certo? Errado. Os after-parties são uma tradição. Os looks são trocados e mais uma vez a equipe de jornalistas entra em ação nos updates no site. O jornalismo de moda caricato da TV definitivamente nunca esteve na moda.


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