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Caso Mariana Ferrer: The Intercept expõe absurdos em audiência e a polêmica do "estupro culposo"

Maria Eduarda Guimarães

(Arte: Deirdre Holanda)


Na última terça feira (03), o jornal The Intercept Brasil publicou informações inéditas sobre a sentença de André Camargo de Aranha, acusado de estupro em 2018 e inocentado no final de setembro. Além disso, foi divulgado o vídeo da audiência, onde o advogado do acusado destila machismo ao atacar verbalmente a vítima.


A hashtag #justicapormariferrer ficou em primeiro lugar nos trendings topics do Twitter após a alegação de que o acusado teria cometido um “estupro culposo”. De acordo com a defesa do acusado, ele não teria a intenção de estuprar a vítima, já que não teria como ele saber que ela não estava em condições de consentir a relação. Contudo, a repórter Schirlei Alves relembra que esse “crime” não está previsto na lei, logo, o termo não deveria nem ter sido acatado pelo juiz.


A reportagem ainda conta com um trecho da gravação da audiência, em que o advogado do acusado, Cláudio Gastão da Rosa Filho, comenta fotografias, tiradas antes do estupro, que ele descreve como “ginecológicas”, para alegar injustamente que tudo seria uma armação por parte de Mariana e que ela estaria criando uma imagem de “santa” para “ganhar mais seguidores”. Dentre outros absurdos, ele afirma que “jamais teria uma filha no nível” de Mariana e que seu choro era “falso” e “dissimulado”.


O que chama atenção, é que mesmo quando Mariana está em prantos e pedindo por respeito, o juiz não interrompe o advogado, que continua humilhando a vítima. O único momento em que ele fala algo é para perguntar se ela gostaria de adiar a sessão para ela “se recompor”. Em nenhuma parte do vídeo, o juiz considera a atitude do advogado inadequada e nem questiona se suas “provas” são realmente contundentes. O trecho termina com Mariana dizendo que “nem assassinos eram tratados” da forma como ela estava sendo tratada.


A reportagem se tornou um estopim na luta contra a violência direcionada à mulher, divulgar esse tipo de conteúdo é extremamente importante para que essas injustiças não ocorram mais. Várias pessoas e órgãos importantes se manifestaram contra e prestaram solidariedade à Mariana Ferrer. A Ordem dos Advogados Brasileiro (OAB) intimou o advogado a prestar depoimentos sobre sua conduta e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estuda investigar o juiz, alegando que o mesmo permitiu uma “tortura psicológica”.

A matéria é essencial para demonstrar o valor social e ético do Jornalismo, que deve atuar em denúncia contra toda e qualquer violência, discriminação e discursos de ódio. Expor esse tipo de conteúdo pode colaborar para que injustiças sejam reparadas e para demonstrar, sob sua repercussão, que esses absurdos não ocorrem mais no anonimato. Ainda existem muitas “Marianas” e o Jornalismo contribui para que suas histórias ganhem visibilidade e para que a justiça seja feita.



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