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Enchente de 1966: matéria da EBC recorda alagamento "histórico" no Rio de Janeiro

Ana Paula Jaume



(Imagem: Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro)


Era uma madrugada chuvosa de janeiro de 1966. Ruas, avenidas, túneis, morros e casas debaixo d’água. Mortos, feridos e desabrigados, vítimas de um desastre natural. A “Pior enchente” do Rio de Janeiro completa 50 anos chegou ao site da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) em 2016. Publicada na seção Meio Ambiente do veículo, a reportagem é compacta e vai direto ao ponto. Ela traz um panorama de um dos episódios mais dramáticos (e repetitivos) da história do Rio de Janeiro: a famosa enchente de 1966.


Cerca de 50 mil desabrigados, mais de mil feridos e 250 mortos. Escrito por Luiz Claudio Ferreira e editado por Amanda Cieglinski, o texto mostra números difíceis de contabilizar, imagens duras de encarar e heróis decisivos à época. Somado a isso, a estratégia de inserir relatos de pessoas atingidas pela chuva - como Irene Prada, Gilberto Pedrosa e Wanda Ferreira Rosa - aciona gatilhos mentais no leitor. Nos mais emotivos, causa uma conexão não só com a história narrada, mas com o ser humano por trás de cada depoimento. Aflição.



Do outro lado, a matéria da EBC recorre a especialistas, como a historiadora Andrea Casa Nova Maia e o bombeiro Antonio Matt, para enriquecer o conteúdo. A estudiosa analisa o contexto político daquele ano, os reflexos da enchente na vida dos mais pobres e a influência de questões demográficas nesse painel.


“A enchente foi ao encontro do discurso de que era necessário remover pessoas das favelas. Lógico que os mais pobres sofreram mais com os reflexos das cheias. Quem estava no morro era mais afetado, uma tragédia de cima para baixo”, afirma Andrea.


Outra reflexão da historiadora merece ênfase. Embora a situação nas favelas fosse alarmante (em vista dos deslizamentos de terra, desabamentos de moradias e intensificação das precariedades do lugar), a mídia preferiu outro caminho. Ela optou por focar nos efeitos da chuva na região da Praça da Bandeira, onde se concentravam os principais veículos jornalísticos, e não nas periferias.


Voltando a falar de um dos heróis de janeiro de 1966, Antonio Matt relembra o drama de resgatar vítimas e que, pela quantidade, não pôde nem voltar para sua casa naquele dia. Ele, ainda, destaca as mudanças do Corpo de Bombeiros impostas depois da enchente. “Os chassis e os motores das viaturas ficaram mais altos. Alavancas e cordas foram substituídas por recursos hidráulicos”, comentou.


Ao final da reportagem, a produção disponibiliza informações do Corpo de Bombeiros referentes às piores enchentes do estado. De 1711 a 2011. Até a data de publicação (09/01/2016), a “Pior enchente” do Rio de Janeiro já havia se repetido 16 vezes no estado. Nesse momento da leitura, entendemos melhor as aspas [“pior enchente”] presentes no título da matéria. Sutilmente, esses dados fazem uma crítica às autoridades, que pouco, ou nada, fizeram (ou fazem) para inibir estragos provocados por altos volumes de chuvas.


Resumitiva, objetiva e explicativa. A matéria da EBC pode ser lida rapidamente e compreendida facilmente por interessados em relembrar (ou conhecer) o episódio que chocou o Rio de Janeiro de 1966. Por articular recursos de conteúdo e de diagramação, como relatos de personagens, falas de especialistas, galeria de fotos e dados oficiais, o texto é uma boa opção aos estudantes de Jornalismo. Praticamente, quase todo mundo já ouviu falar, em algum momento da vida, dessa enchente, seja de parentes, professores, conhecidos ou dos próprios jornais. Então, a leitura da reportagem pode te ajudar a ficar mais por dentro do assunto.

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