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As feridas ainda abertas do Massacre de Realengo

Revista “Aventuras na História” detalha episódio que chocou o Brasil há quase 10 anos

Anne Poly

Escola Municipal Tasso da Silveira logo após a chacina. (Imagem: Reprodução)


Quase 10 anos depois, a ferida que Wellington Menezes abriu não parou de sangrar. A matéria Neste dia, em 2011, ocorria o massacre de Realengo, a tragédia que abalou o país, foi publicada no site da revista Aventuras na História, portal jornalístico com enfoque em temas históricos. De autoria de Wallacy Ferreira, jornalista carioca, ela foi escrita nove anos após o Massacre de Realengo, como ficou conhecida internacionalmente a chacina na Escola Municipal Tasso da Silveira, que resultou em mortos, feridos e pessoas traumatizadas até os dias de hoje. Revisitar um passado doloroso como esse não é uma tarefa fácil, mas é importante analisar o ocorrido e entender o que se passou naquela trágica manhã de abril, além das consequências do crime.

O texto introduz o leitor à visão do culpado por todo o sofrimento: Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos. Ele entrou no colégio, atirou em diversas crianças, foi atingido por um policial e se suicidou. Ao todo, 12 crianças morreram, com idades de 13 a 15 anos. A reportagem aponta para o passado do autor do crime, que teve uma infância conturbada. Wellington costumava estudar naquela escola, e lá viveu anos de muito bullying e perseguição por parte dos seus colegas. Por causa disso, segundo ele mesmo afirmou em um vídeo gravado antes da ação, sua intenção era fazer justiça com as próprias mãos. A ligação dele com o colégio é intrigante, e leva o leitor a tentar entender a mente complexa do antigo estudante.

Wellington Menezes, autor do massacre. (Imagem: Reprodução)


Márcio Alves, sargento da polícia militar que fazia uma blitz naquela manhã, foi chamado por um aluno alvejado e adentrou o colégio. Graças a sua agilidade, conseguiu atirar em Wellington antes que ele conseguisse atingi-lo. Ao constatar que tinha sido baleado, o ex-estudante tirou a própria vida. O jornalista apontou que o homem tinha escrito uma nota de suicídio antes da invasão ao colégio de Realengo, e que era inspirado por ideologias terroristas, tendo grande interesse em treinos de alvo. Sua personalidade introspectiva escondia a amargura das perseguições sofridas anos antes, e Wallacy destaca esse ponto. É difícil entender como ele imaginou que seria justo tirar tantas vidas e gerar ainda mais sofrimento, e essa questão permeia muitas mentes mesmo anos após a chacina. A partir da análise do histórico conturbado do rapaz, foi constatado que ele apresentava uma possível psicopatia. Embora o número de vítimas contemple apenas aqueles que foram feridos e mortos, os traumas do ocorrido são cicatrizes que nunca sararam em familiares, amigos e estudantes que presenciaram todo aquele horror.

As 12 vítimas do Massacre de Realengo. (Imagem: Reprodução)


A então presidente do Brasil Dilma Rousseff, o governador e o prefeito do Rio prestaram homenagens às vítimas da tragédia. A repercussão daquele dia foi tão intensa que todo o país recebeu a notícia e acompanhou atentamente os noticiários. Muitos ex-alunos apresentam sequelas dos ferimentos causados pelo atirador, e vidas foram ceifadas no auge da juventude. Neste dia, em 2011, ocorria o massacre de realengo, a tragédia que abalou o país foi escrita com sensibilidade e riqueza de detalhes, levando em conta os pontos principais da tragédia. É perceptível que o jornalista se preocupou com a clareza da narrativa. Wallacy pode inspirar futuros jornalistas, principalmente por trazer à tona uma tragédia de extrema relevância, e que poderia ter sido esquecida no tempo.


A matéria é triste e envolvente, principalmente pela lembrança do peso da realidade daquele dia. Contudo, as vítimas do atentado merecem ser lembradas e por isso vale a pena pesquisar sobre suas trajetórias até o fatídico momento. Cada uma das vidas que se perderam no dia 7 de abril de 2011 tinha sonhos, metas e muitos anos pela frente. Seus destinos foram interrompidos por uma fatalidade que palavras não conseguem descrever. Nem sempre o jornalismo é capaz de relatar uma notícia em sua totalidade, ainda que anos mais tarde. No entanto, lembrar de um massacre e de suas consequências pode nos ajudar a não permitir que a história se repita e mais feridas se abram.


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