Saiba mais sobre a relação entre o estudo filosófico, a ciência neurológica e o setembro amarelo
Luana Brandão
Por consequência da pandemia da COVID-19, determinados temas — ainda que fundamentais de serem abordados — não receberam grande visibilidade na imprensa. Alguns desses são as campanhas de prevenção ao suicídio, que se tornam evidentes no mês de setembro amarelo. De maneira explicativa e bem resumida, o jornalista e neurocientista Fabiano de Abreu relacionou como a filosofia, nomeada “mãe da ciência” na reportagem é necessária para a compreensão da neurociência e o seu papel na saúde mental na matéria Ciência que revelou a busca da Filosofia: A história da neurociência, publicada no Aventuras na História.
O texto é iniciado de maneira sucinta, apresentando por que a mente humana se diferencia de outros animais, por meio de explicações biológicas, uma vez que o raciocínio humano é originado no lobo frontal. Essa região cerebral é responsável por diversas ações, como controlar a motricidade voluntária, decisões de sequências de movimento e até respostas afetivas. Ainda na primeira parte do texto, relembrou o importante fato de nossa espécie utilizar o cérebro para todas as ações e concluiu que por isso a neurociência é fundamental como base filosófica para compreender a completa racionalidade dos seres humanos.
(Foto: Aventuras na História — Por que o cérebro humano encolheu?)
O texto apresenta uma interessante visão de um especialista em psicologia, que expõe determinadas explicações biológicas para atos suicidas. Tal questão, além de ser extremamente necessária, é abordada por Fabiano de uma maneira racional, com a intenção de auxiliar na redução dos números de suicídios, ajudando pessoas que tem tal intenção a partir da ciência. Este debate é iniciado com uma fala do jornalista sobre as campanhas do setembro amarelo que diz: “Este é o mês que simboliza as campanhas de prevenção ao suicídio, e é preciso lembrar que nunca na história houve tantos casos de pessoas que tiraram a própria vida como agora.” Na sequência, o neuropsicólogo explicita que, para além de um quadro depressivo, o suicídio está relacionado à disfunções de neurotransmissores e complementa [graças à neurociência] que tais ausências estão ligadas a fatores comportamentais genéticos e moldados pelo mundo externo. No encerramento do segundo bloco da reportagem, encontra-se um resumo cuidadoso demonstrando que pequenos ou grandes atos interferem no funcionamento do cérebro, possibilitando, com isso, a melhor compreensão do leitor sobre a relação entre a mente, a filosofia e o estudo neurológico.
A última — mais longa e mais importante — parte da matéria denominada “A história e o presente” conta com um interessante posicionamento do cientista, uma vez que ele explicita as justificativas de ações presentes a partir do desenvolvimento e construção do ser humano desde o passado, destacando o grande impacto da tecnologia em nosso cotidiano. Fato que já se é sabido por nós; no entanto, utilizamos desse recurso quase que integralmente. Fabiano diferencia o tempo de ocupação da mente entre os filósofos antigos e nossa sociedade atual, comparando o fato de os primeiros serem responsáveis pela melhor compreensão das respostas do nosso cérebro. De maneira inteligente e sutil critica o contexto atual, no qual vivemos de maneira ansiosa, buscando o imediatismo e a perfeição, ainda que seja impossível conciliar as duas coisas.
Próximo ao fim, de maneira objetiva, porém muito explicativa, é apresentada uma linha do tempo - modelo que pode ser usado como referência para reportagens focadas em histórias - com grandes descobertas sobre o cérebro e utiliza-se dessa cronologia para justificar e entender como a humanidade, a ciência e a filosofia vêm se transformando a fim de aprimorar estudos e compreensões sobre a mente. A reportagem é finalizada de maneira reflexiva e esperançosa, declara-se que o ano de 2020, a partir de suas peculiaridades nas áreas da saúde, por exemplo, será fundamental para novos estudos sobre a compreensão do comportamento humano. Além disso, Fabiano explica a possibilidade de criar o conceito “psicoconstrução”, no qual “busca revelar de onde nasce a memória e como ela determina quem somos [...]”, nas palavras do escritor.
De uma maneira geral, a leitura aprofundada da matéria do Aventuras na História é importante para os (curiosos) amantes da psicologia e da filosofia, já que ambas caminham juntas na busca por compreender o comportamento de nossa espécie e nos tornar mais saudáveis mentalmente. E, além disso, a construção da reportagem e os posicionamentos feitos por Fabiano, com base em sua experiência como jornalista, são tópicos relevantes de serem focados por estudantes de Jornalismo, uma vez que ao decorrer do texto percebem-se bons exemplos de coesão e interpretação de situações vividas antigamente e no cotidiano, ato que deve ser o “carro-chefe” para um bom repórter ao transmitir informações.
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