Leticia Moser
Na última quinta-feira (7/10), o jornalista Luiz Gustavo Pacete foi entrevistado pelos alunos do 1º período de Jornalismo da UFRJ, Adriano Assumpção e Pedro Rangel, em uma live no Instagram do ECOnversa. Luiz Gustavo é formado em Comunicação Social - Jornalismo pela FMU (SP), com especialização em Jornalismo e Políticas Públicas Sociais pela USP e Mestre em Jornalismo Digital pela Universidade de Navarra (Espanha). Além disso, é editor, consultor de inovação, podcaster, palestrante e foi indicado ao Prêmio Comunique-se 2021. No início na live, os estudantes apresentaram o projeto ECOnversa e cada um realizou o procedimento de autodescrição a fim de ter mais inclusão e acessibilidade.
Ao ser questionado sobre a decisão pelo Jornalismo, Pacete disse que antes de experimentar o curso teve interesse em outras áreas, trabalhou como vendedor, fez cursos técnicos de logística e fez alguns períodos de Administração, porém teve mais afinidade por geopolítica, e o tempo foi encaminhando sua vida. Ele passou a ver o jornalismo como uma forma de entender e de se conectar com o mundo, nascido e ainda residente da periferia, ele diz que sua visão de mundo é muito diferente e que desde o começo da faculdade não tinha intenção de ser repórter de televisão.
Na época de estágios da faculdade, pela manhã ele trabalhava numa redação e a tarde em uma assessoria de imprensa, ele conta que essa foi uma época de muito aprendizado, onde passou a entender os dois lados do jornalismo e a como ter flexibilidade, pois todas as áreas estavam mudando com os avanços tecnológicos e os formatos já não eram tão claros como antigamente. Luiz diz que o maior privilégio do jornalismo é que você pode circular e conversar com pessoas de realidades muito diferentes das suas e que isso é chocante, você acaba se colocando no lugar delas.
As duas coisas que mais o agradam são mediar conversas e entrevistas e fazer podcasts, pois segundo ele, quando você fala com uma pessoa você se conecta com ela e aprende sua cultura, essas dinâmicas são muito interessantes, é um jogo que você tira informações da pessoa e ao mesmo tempo é um tratado de confiança, onde você tem que deixar a pessoa a vontade para entrar nos temas necessários.
Ao ser perguntado sobre experiências que o marcaram durante a carreira, Pacete responde que tem duas que foram mais profundas. A primeira foi a forma como conduziu seu TCC, ele foi a Cuba em 2010 entrevistar Yoani Sánchez, blogueira na época que mesmo com acesso restrito tinha muita visibilidade internacionalmente. Ele expõe que foi muito relevante e significativo, pois um estudante estrangeiro em um país extremamente controlado enfrenta várias dificuldades, porém conseguiu conversar com muitas pessoas, e pôde transitar em um mundo muito diferente.
A segunda foi quando entrevistou Werner Vogels, diretor de tecnologia e vice-presidente da Amazon, quando ele veio ao Brasil, foi um desafio pois era uma conversa de grande responsabilidade, ele era de uma das maiores empresas do mundo mas no fim foi muito divertido e descontraído.
Outro tema abordado foi como o networking é importante na carreira do comunicador e falou sobre o LinkedIn, a principal fonte de contatos de Pacete. Ele conta que leva tempo para conhecer pessoas da área e que no início ele tinha receio de ser rejeitado, mas conforme a carreira avançou ele teve oportunidade de mostrar seu trabalho, principalmente devido as ferramentas da era digital, antigamente havia mais limitações. Ele diz que as redes sociais demandam tempo e dedicação, um ponto importante é pensar em você e no seu trabalho, no seu legado a longo prazo, se valorizando como profissional.
Luiz Gustavo fala que o principal obstáculo de se manter atualizado e de fazer curadoria, é que estamos disputando atenção com todas as outras plataformas e necessitamos fazer algo diferente e sempre olhar além, isso serve para todos os assuntos que serão cobertos, saber porque tal coisa faz sucesso e o que vem pela frente que fará mais sucesso ainda, é um desafio porém faz uma grande diferença.
Além de tudo, Pacete também foi correspondente do Repórter Sem Fronteiras e trabalhou na revista Imprensa, ele diz que falar sobre imprensa e jornalismo é falar sobre política e democracia, sobre poderes, e essas foram fases onde ele entendeu muito sobre o propósito da comunicação. Trabalhar com jornalismo de negócios o ajudou a definir o que é diversidade, o jornalista tem poder de dar voz às pessoas, e mesmo estando em um mundo corporativo, ele trouxe pessoas que fazem parte de grupos minoritários para dar acessibilidade e impactar e talvez mudar o mundo e a sociedade. Em conjunto, foi um aprendizado, aprendeu a tirar notícias de planilhas do excel e sobre a base da economia.
Ele também falou sobre a sensação de ser indicado ao Prêmio Comunique-se, que ter seu trabalho reconhecido por uma associação jornalística, estando entre pessoas que você admira é muito legal e que tudo isso vai contando no seu repertório, trazendo responsabilidade, ainda mais nesse ano com tanta incerteza.
Por fim, Pacete deu uma dica de ouro para os futuros jornalistas: “pensar em você como uma marca, precisamos de empresas e emprego, teremos nosso nome vinculado a elas, mas pensar na sua reputação a longo prazo e usar as inúmeras ferramentas para isso, tudo isso com verdade e responsabilidade. Faça que seu trabalho chegue a outras pessoas e faça um planejamento das fases que você quer chegar. Colocando paixão você se dará muito bem, seja dando voz a alguém ou sendo seu conteúdo como canal de comunicação”.
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