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“Jornalismo de Guerra” - Confrontos históricos e avanços na comunicação são alvos do documentário

Com foco no correspondente de guerra, série do “History Channel” aborda efeitos da evolução das Telecomunicações na cobertura jornalística de embates mundiais


Ana Paula Jaume


História e Jornalismo, um encontro que dispensa comentários. “Jornalismo de Guerra” percorre as trincheiras dos correspondentes do front e as inovações nas Telecomunicações, que revolucionaram o modo de noticiar da humanidade. Veiculado em 2004, o documentário faz parte de “Modern Marvels” (Maravilhas Modernas), série do canal de assinatura norte-americano “History Channel”, criada por Bruce Nash. Houve várias locuções, sendo a mais longa de Max Raphael. Já quem dá voz à versão em português, é Raul Ferreira Netto, dublador do Capitão Gancho (“Once Upon A Time”) e Jaime (“Outlander”, da Fox).




(“Jornalismo de Guerra”: arriscar a vida em troca da notícia. Foto: Reprodução)


Para nos introduzir ao tema, o média-metragem segue a ordem cronológica de apresentação. Essa estruturação mantém o espectador atento ao documentário e o possibilita a melhor absorver o conteúdo. Além disso, durante os 45 minutos de programa, depoimentos de especialistas (jornalistas, fotógrafos, historiadores e engenheiros) são inseridos entre uma cena e outra. Muitos deles, inclusive, vivenciaram momentos decisivos da nossa História.

Nesse cenário, nomes consagrados do jornalismo mundial, como Ted turner (fundador da CNN), David Blum (ex-fotógrafo da NBC), Donnie Shearer e Johanna Neuman (historiadora e autora de “Lights, Camera, War”). Também, Walter Cronkite, que cobriu o escândalo Watergate e foi um dos primeiros correspondentes de guerra estadunidenses.


Fones via satélite, video phone, uplinks portáteis e a demorada captação e transmissão de notícias. “Jornalismo de Guerra” demonstra como avanços nas telecomunicações e o clima instaurado por guerras mundiais impactaram a atuação do ofício. Essa estratégia ajuda o público a construir um leque de aprendizados referentes ao funcionamento de tecnologias - telégrafo, satélite e cabos submarinos - aplicados ao contexto do jornalismo.



(Ainda que o rádio fosse popular, câmeras e máquinas de escrever eram primordiais na cobertura de guerra. Foto: Reprodução)


O documentário analisa o telégrafo como prenúncio do que seria o maior rival da imprensa: a censura. Nesse viés, o narrador nos transporta ao governo Lincoln, o qual ditou regras a serem seguidas por repórteres. Na época, centrais telegráficas eram fiscalizadas, textos cortados e jornais, fechados. E, para completar, correspondentes especiais foram expulsos de seus postos de trabalho.


Também,“Jornalismo de Guerra” aponta a origem da pirâmide invertida, escrita em que o acontecimento principal da notícia aparece no topo da matéria. A técnica revolucionária da forma de reportar fatos, surgiu com o telégrafo. Na Guerra Civil americana, de 1861, essa ainda era uma tecnologia nova; a transmissão poderia cair a qualquer momento. Objetividade. Foi aí que um dos lemas jornalísticos, repetidos infinitas vezes por professores do curso desde o primeiro dia de aula, impregnou de vez o modo de reportar ocorrências.


Somado a isso, a produção audiovisual confere à transmissão de uma guerra um papel de termômetro de audiência dos veículos de comunicação e o quanto isso pode ser transformado em um negócio lucrativo. Nessa conjuntura, o destaque vai para a rede CNN, primeira empresa televisiva a cobrir um conflito bélico via satélite.


Apesar de lançado há quase duas décadas, e da limitação de ferramentas tecnológicas e recursos de manipulação de imagens da época, o documentário tem um desenvolvimento satisfatório. Ele traz passagens turbulentas da humanidade, de um modo sucinto, que pode frustrar estudiosos e amantes da História mundial. Ao mesmo tempo, aqueles que não têm tanta afinidade com a temática podem considerar a experiência um tanto maçante.



(Na guerra, filmadoras volumosas poderiam ser vistas como objeto ameaçador. Foto: reprodução)



A série foi ao ar, pela primeira vez, em 1° de janeiro de 1985. Valendo-se de registros em fotos e vídeos antigos, o programa traça um panorama de como a sociedade moderna utiliza as tecnologias. A saber, no dia 11 de abril de 2015, foi exibido o último dos mais de 650 episódios da série.

Não são poucos os estudantes e profissionais formados fascinados por essa área do jornalismo. Diante disso, instituições oferecem cursos sobre normas de como a imprensa deve se portar na guerra. Em 2019, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) ofereceu o 18º Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada. E, neste mês, o Centro Conjunto de Operações de Paz no Brasil (CCOPAB) Sérgio Vieira de Melo instruiu 28 jornalistas com técnicas de segurança, além de preparo físico e emocional.


Entre o tiro e a manchete, “Jornalismo de Guerra” não mostra nenhum glamour em ser repórter no front. “Carreira, amor pelo jornalismo, pelo medo, desejo de vencer barreiras.” Os motivos de um profissional que o levam a querer trilhar esse caminho são diversos. Muitos dão a vida pela liberdade de expressão. Sonhos infinitos, inspirações longevas e sede de aventura. E você, já pensou em ser um correspondente de guerra? Qual é o seu motivo?


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